O espanhol, como outras línguas vivas em constante transformação, passou por uma evolução ao longo de sua história que inevitavelmente levou ao esquecimento de certas palavras que antes ocupavam lugar de destaque na fala cotidiana. Atualmente, há aproximadamente 580 milhões de falantes de espanhol na Espanha e na América Latina, e é um idioma falado oficialmente em 21 países.
A Real Academia Espanhola (RAE), instituição encarregada de supervisionar o uso adequado e a preservação do idioma espanhol, testemunhou essa evolução linguística e retirou do dicionário oficial termos que caíram em desuso ou foram substituídos por outros mais atuais.
A remoção de palavras do dicionário não é um processo comum e drástico. Quando são identificados termos que caíram em desuso, eles são cuidadosamente avaliados e é determinado se devem ser removidos da edição atual do dicionário ou se devem ser mantidos com uma anotação. No primeiro caso, essas palavras obsoletas geralmente são arquivadas em edições anteriores.
Os termos podem cair em desuso como resultado de mudanças sociais, avanços tecnológicos ou evolução da linguagem e, nesse processo, são substituídos por novos termos que refletem as novas realidades e necessidades da fala cotidiana.
Neste artigo, escolhemos 25 termos obsoletos que foram removidos da RAE, explicando brevemente seu significado.
Palavras retiradas pela RAE
A RAE, com a atualização regular de seu dicionário, eliminou até agora 2.793 palavras que caíram em desuso nos últimos 100 anos. Cada termo aposentado é um vestígio de uma época, um costume ou um conceito que já foi relevante para os falantes de espanhol.
25 termos obsoletos que marcaram uma época
- Aborrecedero: algo que causa rejeição ou aversão.
- Adéfago: uma pessoa que come demais.
- Ahogaviejas: planta de caule fino.
- Almazuela: um tipo de colcha ou cobertor feito com retalhos de tecido.
- Bajotraer: sinônimo de desânimo ou humilhação.
- Camasquince: dito de uma pessoa intrometida.
- Chicuelo: diminutivo de “chico”, criança.
- Cocadriz: nome feminino para um crocodilo.
- Demoranza: atraso, demora, procrastinação.
- Desarrebozadamente: sem frescuras, de maneira clara e aberta.
- Durindaina: sinônimo de justiça.
- Enclarar: esclarecer.
- Ergullir: tornar-se orgulhoso, ensoberbecer-se, incutir orgulho.
- Fabulizar: inventar coisas fabulosas.
- Gallinoso: alguém que é tímido, medroso, covarde.
- Manaza: aumentativo feminino de mano.
- Minguado: antigo adjetivo de “menguado”, covarde.
- Neoplasma: tecido celular anormal recém-formado.
- Ochentañal: dito de uma pessoa na casa dos oitenta anos.
- Palacra: pepita de ouro.
- Pilluelo: abreviação de malandro, uma pessoa maliciosa capaz de enganar os outros.
- Porfijar: adotar alguém como filho.
- Quizabes: denota possibilidade, talvez.
- Vosco: forma antiga de dizer com vocês, “con vos” ou “con vosotros”.
- Zozobrante: em risco de naufrágio ou afundamento.
Como o vocabulário espanhol reflete sua evolução
A eliminação dessas palavras pela RAE não significa que elas devam ser esquecidas; pelo contrário, cada termo é um reflexo da cultura, da tecnologia e da sociedade em diferentes momentos históricos. O conhecimento dessas palavras nos ajuda a entender a evolução do idioma ao longo do tempo. Também nos possibilita entender como determinados objetos, conceitos ou práticas mudaram ou desapareceram ao longo do tempo e como foram substituídos por novas formas de comunicação ou tecnologias mais avançadas. Portanto, mesmo que essas palavras sejam removidas dos dicionários por falta de uso, seu significado e relevância histórica podem permanecer na memória coletiva.
Marta P. Campos, em seu projeto “1914-2014”, compilou palavras esquecidas em espanhol, homenageando a riqueza linguística e cultural de nosso idioma. Ao resgatar palavras como “aborrecedero” ou “adéfago”, ela nos lembra da importância de preservar nosso patrimônio linguístico.
É o desuso e a irrelevância dessas palavras hoje em dia a principal razão pela qual esses termos perderam seu lugar no dicionário. Cada palavra que cai no esquecimento é uma peça do quebra-cabeça que compõe a identidade da língua espanhola. Embora muitos desses termos não tenham mais lugar na edição atual do dicionário oficial, eles ainda testemunham a evolução do nosso idioma e da sociedade que o fala. Ao resgatar e lembrar essas palavras, não apenas expandimos nosso vocabulário, mas também honramos nossa história e cultura.
Os idiomas estão vivos e mudam à medida que as sociedades avançam; como você acha que estaremos falando daqui a 100 anos?
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